27 julho 2007

Culpa

reborn

Ensaio a miragem de um recomeço, mesmo antes da noite chegar.
Olho com alguma perplexidade para as vivências destes meus recentes anos e nem a perplexidade nem as vivências constituem grande surpresa. Já há muito tempo que sucessivamente adio resoluções porque, fruto de uma extemporânea crença, me julguei responsável pela minha circunstância.
A minha relação com a variante culpabilização sempre foi muito desigual. Ela vencia sempre, mesmo com a inexistência de argumentos ou armas. Devido a uma exagerada formação judaico-cristã, bastava que as pessoas mais próximas julgassem que eu tinha feito algo de errado, para eu me sentir culpado e reagir como tal, gaguejando ou corando. Senti-me culpado por sentir desejo, senti-me culpado por mostrar que sentia desejo, senti-me culpado por ter saúde, por ser feliz, por sentir que havia quem gostasse de mim, para além da lista dos permitidos, senti-me culpado por simpatizar com alguém, por conhecer alguém, por implicitamente desobedecer e por querer ser Eu.
É óbvio de que isso era terrível e levei bastante tempo de "auto-análise" para me livrar de grande parte desse tipo de sentimento.

Agora, recupero parte de mim, a minha parte mais importante, embora a convalescença se me apresente longa e pontualmente penosa.

(Este texto só é possível porque é também suficientemente significativa a distância entre mim e o problema. Foi um "desabafo", eu estou bem!)

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