18 abril 2009

Sabia que virias



fóssil

Sabia que virias.
Há muito que tínhamos marcado este encontro,
tantas vezes adiado, tantas vezes sublimado.
A minha resistência, a tua persistência.

Sabia que virias.
Emprestaste-me a força que me ajudou a sobreviver
e, justificadamente, agora vens reclamá-la.
Eu tinha-o lido em livros antigos, em livros modernos,
ouvido nas vozes dos que contigo estiveram
ou que de longe te observaram.

Sabia que virias.
Até percebo que te temam e se afastem de nós,
pois tu deixas marcas, mesmo em quem de ti apenas se aproxima,
mas isto é algo profundamente íntimo, algo apenas nosso.

Sabia que virias.
Aceito-te, como durante meses aceitei a dádiva
de simultaneamente conseguir ser dia, noite, pai, companheiro,
enfermeiro, carcereiro, criado e finalmente, ninguém.

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