06 julho 2008

Eternidade


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Originally uploaded by paul glazier.

Cabe a eternidade num só dia e isso também pode ser horrível.

Na realidade (isto "na realidade" também tem muito que se lhe diga...), o que nos dá a sensação de eternidade das coisas, não é o seu factor temporal mas a sua intensidade. Trinta segundos de um terremoto é uma eternidade, um ano de amor é uma eternidade, seis meses de quimioterapia é uma eternidade, um beijo apaixonado pode parecer uma eternidade... e por aí adiante.

Devido à razão que irei enunciar, já não me lembro desde há quanto tempo perdi a noção do tempo, dos dias, dos meses, das semanas. Sei apenas que, algures, neste meu errático recente trajecto de curral, me perdi de mim mesmo... (corrijo: não me perdi, sinto-me apenas esquartejado. Sei quem sou e ainda não perdi o instinto de sobrevivência.) ...perdi sim a noção dos dias, das relações e do convívio.
Cada dia me parece eterno, cada dia me custa tremendamente a passar, estou permanentemente alerta e nem as pequenas e raras "quase-folgas" me iludem. Mais do que Ser, eu não queria Estar assim, acreditem, queria poder lutar com monstros menos traiçoeiros, que se mostrassem antes de atacar.

"Mais valia que ele se limitasse a colocar imagens de plantas e não nos sobrecarregasse com tanta chatice", pensarão alguns de vós (com alguma razão). Mas leiam isto como apenas um exercício(pateta) de escrita(pateta), eu(pateta) não fico melindrado.

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