27 fevereiro 2009

Não há pachorra!*

Embora várias amigas digam que me invejam, já me falta a paciência… é demais… já não tenho 20 anos! Anda sempre à minha volta, quase não respiro.
À noite olha-me com olhinhos de carneiro mal morto e enrosca-se em mim no sofá. De Inverno ainda me sabe bem, mas de Verão, valha-me S. Agapito, é de loucos!
Se me queixo, amua, revira os olhos mas, passados alguns instantes, tudo como dantes, quartel-general em Abrantes!
Claro que me agrada a sua pele macia e sedosa, encostada a mim, numa osmótica carícia. É bom vê-lo quando adormece, tão entregue, tão indefeso, tão tranquilo, no fundo tão dedicado.

Sim é bom, mas o pior é na cama! Na cama é demais:nem me consigo tapar, encosta-se a mim, enrola-se nos cobertores e ressona. Eu puxo, eu empurro e para conseguir conquistar uns míseros cinco centímetros, fico a transpirar.
Se o empurrão é mais forte, emite uns sons esquisitos, mas fica quase sempre no mesmo lugar. Já lhe disse várias vezes:
- O quarto tem duas camas, e se continuas assim, eu mudo para a outra cama e ponto final.

Não há pachorra, este gato dá-me cabo do juízo!!!!


*Gasparina - Contista convidada para o Conto à Sexta desta semana.

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