18 janeiro 2007

JPM2 - Vinhos Brancos

"Enxoval que não vai com a noiva..."

Quanto mais tempo passa sobre o acontecimento "2ªSessão", menos impetuoso é o discurso. Vou assim tentar, antes de que chegue a Sessão nº3, contar um pouco do que sucedeu na passada terça-feira.

Desta vez, provámos uma "catrefada" de vinhos, desde o "muito bom" até ao "isto não, por favor!". Logo de início foram-nos servidos três vinhos: o Muros Antigos - Alvarinho 2005, o Antão Vaz - Varietal 2004 e o Castelo Alba Reserva


Os vinhos ficaram ainda algum tempo nos copos, à nossa frente, não só porque havia muito para falar sobre o modo de produção do vinho branco, mas também porque foram servidos a 4º e idealmente deveriam ser bebidos a 6º (para disfrutar em pleno de alguns vinhos, convém ter um termómetro que, segundo o JPM mencionou, custa quase nada!)
O Vinho branco tem dois inimigos naturais: a falta de higiene nas barricas ou nas cubas (inox) e a oxidação, que afectam as duas mais importantes características do vinho - o teor alcoólico e a acidez. Para a sua produção utiliza-se em exclusivo a polpa do bago de uva, embora, para que o aroma e a cor sejam sejam enriquecidos, algumas vezes se deixe em maceração pelicular, ou seja, a polpa fica em contacto com a película do bago apenas e durante algumas horas.
As leveduras (organismos neutros, que se apropriam e actuam sobre o açúcar do mosto) aumentam o calor e geram gás carbónico (anidrido de carbono) que, sendo mais pesado do que o ar, permanece numa zona por cima do mosto e que foi já responsável por muitas intoxicações e quedas, com morte certa, em "depósitos" de fermentação. Quando o mosto permanecia nos antigos lagares e fermentava ao ar livre, o anidrido de carbono permanecia "dentro dos muros do lagar", pois era deixada sempre uma "zona / altura" de protecção, que o impedia de "descer" até ao solo e aí ficar, se não houvesse qualquer tipo de arejamento.

Relativamente ao acto "prova", é muito interessante perceber que aquele "palavreado" todo de fruta assim e de compota assado, madeiras novas e outras tantas características que dizem encontrar nos vinhos, tem toda a razão de existir (está bem... há quem exagere mesmo e encontre aromas de souflée de champignons, com raspas de tangerina da Etiópia! ehehhehehe)
Agora a sério... Para se sentir os aromas existem duas zonas de "cheiro", uma acima do rebordo do copo, que é a zona de delicadeza, onde se encontram os aromas florais e de frutos, para além de se conseguir notar que o vinho não está em condições de se beber (quando se detecta um cheiro parecido ao da "cola de contacto" - statetil(?), que não é detectado quando se coloca o nariz dentro do copo!)

A acidez do vinho (mais importante e notada nos vinhos brancos) parece-nos mais forte se bebermos o vinho sem acompanhar com qualquer alimento e é o elemento responsável pela duração de qualquer vinho, fazendo-o candidato à cave!
Quando se agita o copo (com vinho dentro, é claro ;)), provoca-se uma maior oxigenação e consequente libertação de aromas: Essa é a melhor ocasião para tentar perceber que tipo de vinho temos à nossa frente!
Deve-se levar o nariz ao copo, vagarosamente, para poder usufruir das duas zonas de aroma. A segunda, sobre a qual nada referi, é a zona do aromas fortes, das madeiras, das compotas e até de alguns aromas "menos simpáticos", de uma espécie de apodrecimento de frutos.

Podemos ainda, já com o vinho na boca e através de um processo de retroaspiração, fazer com que os aromas surjam por detrás da cavidade nasal e encontrar assim nova "adjectivação" para o vinho. Este processo deve ser treinado em casa ou corremos o risco de "vaporizar" alguns ou todos os parceiros de mesa com um Vinhel Nº5!



Provamos também um Quinta do Cidrô 2003 (estágio em barrica), Douro Chardonay, que é muito bom para beber com queijos de pasta mole ou pratos de peixe com qualquer molho à base de natas.
Um Quinta do Cabriz 2000 - Escolha Virgílio Loureiro, um vinho precocemente evoluído
e um Paço de Teixeiró 2002, Alvarinho/Loureiro, com indução maolática*


*Fermentação Malolática ou 2ª Fermentação.
(Acontece com 20º de temperatura ambiente)
Quando os vinhos são engarrafadosdemasiado cedo, essa fermentação dá-se dentro da garrafa e faz com que o gás aí se acumule, dando a sensação, ao abrir, de que tem gás natural.


Ainda falámos da Colagem (processo que faz com que as matérias em suspensão se depositem no fundo da barrica e que era feito com claras de ovo batidas, para criar uma espécie de véu que filtrava o vinho fermentado)
Uma das razões de se utilizar tanta gema de ovo na doçaria conventual, deve-se ao facto de os produtores de vinho utilizarem as claras e oferecerem as gemas para os conventos!

Para além de um Bucelas Colares Reserva, provámos um belíssimo
Estremadura - Vindima Tardia

No final provámos um vinho verde Quinta de Penela 2004 de que não fiz nota alguma...


(Hoje, dia 22, será dedicado aos tintos. Espero não demorar tanto tempo a relatar o evento! ;))

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