20 agosto 2009

O mundo era enorme e os meus olhos também

















9 meses - Agosto 1964


Quando tinha três anos, desenhei duas aranhas, uma delas com cabeça.
Vivia numa grande casa velha, numa aldeia que tinha um pequeno rio,
com peixes para apanhar.
O mundo era enorme e os meus olhos também.

Sempre gostei de cantar. Aprendi com a minha mãe.
Também foi com ela que aprendi a rir, a gostar de ajudar quem precisa
e a emocionar-me.
O mundo era enorme e os meus olhos também.

Aos sete, lembro-me de perguntar:
"Quantos Anos tens, Mãe?"
Vinte e nove!
"TANTOS?!?"

Depois cantei muito, tive medo de aranhas, ri pelo prazer de rir,
sonhava pelo prazer de sonhar.
Também pensei que era eterno, o mundo continuava enorme
e os meus olhos, muito abertos, queriam descobrir mais
porque existiam outras verdades e eu conseguia reinventar o que aprendia.

Tenho atravessado alguns desertos e encontrado alguns oásis.
Tudo continua grande, o mundo e os meus olhos também, mas agora cabe tudo na minha ou na vossa palma da mão.


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