12 dezembro 2006

Excerto de um dos Diários Gráficos (2002)

10 de Novembro

Existe nas palavras algo de corpóreo, que provém da sua dimensão simbólica e que nos seduz quando compreendemos a utilidade da abstracção.
"Tudo" nos reenvia para a ideia de corpo, no seu sentido mais lato, e da qual nos é difícil escapar. Mesmo que o corpo "iluminista" seja diferente do corpo "modernista" e que este, por sua vez, se distinga do corpo "pós-modernista" ou mesmo "cibernético", o facto é de que esta espécie de funcionamento em "círculo", como refere Lyotard, nos revela continuamente a nossa própria identidade, sendo que fomos, somos e seremos sempre "corpos" distintos no tempo.
É residual o que de genuíno en nós existe. Tal não significa que sejamos por natureza dissimulados ou sequer de que desse facto tenhamos a consciência, mas de que, através das aprendizagens dirigidas à nossa integração social, somos "formatados" para (re)produzir determinados gestos, ideias, ou seja: comportamentos.
A capacidade que o ser humano tem em se autoquestionar, questionando desta forma também o mundo que o rodeia, torna-o mais susceptível de, rapidamente, passar de presa a predador e vice-versa.

A lucidez também pode matar.

luz

Sem comentários: