22 abril 2010
o sonho dos outros
Não devemos querer que o mundo se construa exclusivamente à nossa semelhança e segundo um quadro previamente planeado e pouco flexível. Claro que o sonho ou os projectos de vida, devem ser parte integrante de nós próprios, porque sem eles não conseguiríamos sequer pensar o futuro e, sem a ideia de futuro não existimos, mas quando queremos que os outros se moldem ao futuro que escolhemos para eles e, consequentemente ou principalmente, para nós próprios, cometemos um enorme erro, que apenas nos trará dissabor e frustração.
A vivência do conflito inebria uns e cega outros, raramente tem algum proveito. Porque queremos tanto impor a nossa visão do mundo aos outros? Porquê essa necessidade de Poder e de ditar regras, quando na maioria das vezes já nem se sabe a razão de tal procedimento.
O mundo apresenta-se-nos como um desafio permanente, a sua idiossincrasia é uma das suas maiores riquezas e uma das melhores justificações para a criatividade. Não devemos lutar contra o mundo, pois a guerra está à partida perdida, mas lutar pelo mundo, porque nos parece ser uma opção muito mais sensata.
Que queremos nós dos outros? que sejam como nós? Não, isso não será com certeza, apesar de nos considerarmos quase perfeitos! Que nos julguem perfeitos? Isso talvez... Mas que fazer depois com essa conquista?
Efectivamente não podemos exigir que os nossos pais, filhos ou cônjuges sejam ou se transformem naquilo em que um dia sonhámos ou sequer permitir que nos subjuguem ao que, por sua vez, eles sonharam. O sonho de uns é muitas das vezes o jugo de outros e, por mais cheios de boas intenções que estejam, só por absoluta e impressionante coincidência é que nos servirá na perfeição também.
Só conseguiremos viver com alguma tranquilidade se nos formos ajustando aos sonhos e expectativas dos outros, que nos são próximos. Assim como também relativamente às contrariedades que pela vida vão surgindo. Todo o processo de aceitação da diferença do Outro deve de estar impregnado de respeito mútuo ou correrá sérios riscos de falhar em qualquer ponto do percurso, e falhar perto do fim é tão grave como falhar logo no início.
Existe uma enorme beleza e utilidade na diferença, pois sem ela não nos reconheceríamos ou desejaríamos sequer. É bom saber viver, mas vital mesmo é aprender a conviver.
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