22 junho 2008
O sono das mães paridas
Tempos houveram em que a noite era para mim um local de refúgio, um momento convidativo à autoreflexão, um encontro continuamente marcado e apreciado.
Sempre gostei da noite, porque era nela que faziam sentido muitos dos meus projectos fantasiosos, era a ela que me entregava, sem medos ou fantasmas.
Presentemente, o início da noite traz com ele uma angústia e insegurança, que me fazem desejar que se acelere o tempo e que sejam suaves as horas.
Durmo com o sono das mães paridas e peço complacência a tudo o que me é exterior, acreditando que as minhas debilitadas vontade e energia fazem a diferença, ajudam, modificam, atraem e repelem.
Somo surpresas que chegam hora a hora. Anseio o telefonema que anunciará a urgência de chegar aos corredores brancos, no tempo máximo de duas horas, para que se inicie uma nova etapa, libertadora e misericordiosa, esclarecedora e definitiva.
Não quero perder a lucidez, mas tenho dificuldade em sentir o meu próprio corpo, anestesiado por um torpor imposto. Aprecio enormemente pequeninas alegrias, as únicas a que presentemente tenho acesso.
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