26 agosto 2009

A vida é imensa

noite



Sé que hay loco muy dentro de mí
y aún se retuerce,
y así lo arrastro por toda la noche,
él nunca se duerme.

Sé que hay loco muy dentro de mí
y es una amenaza,
y si lo suelto se tira a los coches,
se mete en las casas.

Mejor será que nunca lo suelte,
no quiero perderlo, no quiero perderte,
no quiero perderlo, no quiero perderte.

Sé que hay loco muy dentro de mí
que aúlla canciones,
y ya no sé si ahora sólo soy yo
quien toma las decisiones.

Sólo me canta y me obliga a seguir
si quiero dormir,
vive en mi cuerpo enjaulado
y no tiene miedo a morir.

Mejor será que nunca lo suelte,
no quiero perderlo, no quiero perderte,
no quiero perderlo, no quiero perderte,
no quiero perderlo, no quiero perderte,
no quiero perderlo, no quiero perderte.

No quiero perderlo, no quiero perderte,
no quiero perderlo, no quiero perderte.

No quiero perderte.

23 agosto 2009

Flavopurpurea

stapelia flavoporpurea flower wonder
Stapelia flavopurpurea

Tenho andado deveras desleixado com as minhas plantas (não consigo dar atenção a tudo...). Mesmo assim, elas continuam a ser generosas comigo!

Tenham uma óptima semana!

21 agosto 2009

Espero, feliz.

handlines

21.08.09 0:55 Am

Espero, à beira do meu cais, como aquele homem sem idade, de barba ruça e casaco roçado ou talvez seja o inverso, que é quase a mesma coisa, quando não se tem idade e se espera poder avistar um navio ou um pequeno cardume feliz, à beira do cais.

Aproveito para mapear cada centímetro quadrado do reverso da minha pele, para perpetuar a minha insignificância, para banalizar a minha originalidade. Tento levar a terra ao céu, para que ele a entenda e, secretamente, perder-me nesse trajecto.

Esperançoso, aguardo que o futuro próximo me liberte da derradeira canga.

20 agosto 2009

O mundo era enorme e os meus olhos também

















9 meses - Agosto 1964


Quando tinha três anos, desenhei duas aranhas, uma delas com cabeça.
Vivia numa grande casa velha, numa aldeia que tinha um pequeno rio,
com peixes para apanhar.
O mundo era enorme e os meus olhos também.

Sempre gostei de cantar. Aprendi com a minha mãe.
Também foi com ela que aprendi a rir, a gostar de ajudar quem precisa
e a emocionar-me.
O mundo era enorme e os meus olhos também.

Aos sete, lembro-me de perguntar:
"Quantos Anos tens, Mãe?"
Vinte e nove!
"TANTOS?!?"

Depois cantei muito, tive medo de aranhas, ri pelo prazer de rir,
sonhava pelo prazer de sonhar.
Também pensei que era eterno, o mundo continuava enorme
e os meus olhos, muito abertos, queriam descobrir mais
porque existiam outras verdades e eu conseguia reinventar o que aprendia.

Tenho atravessado alguns desertos e encontrado alguns oásis.
Tudo continua grande, o mundo e os meus olhos também, mas agora cabe tudo na minha ou na vossa palma da mão.


19 agosto 2009

Outono

light

Gosto de passear pela Baixa de Lisboa, ao fim da tarde, quando chegam os dias de Outono e a temperatura já não é tão “convidativa”. Sempre tive melhor relação com o frio do que com o calor, mesmo quando as mãos me ficam roxas e as orelhas geladas. Desde jovem que associo o Outono à ideia de “fim de tarde”, o momento ideal para a reflexão, de preferência numa esplanada com vista para a cidade ou para o rio. Esse tempo que antecede a noite, o espaço da nossa vida que mais decisões vê nascer. Há muitos anos atrás, escrevi numa tela o seguinte: “A noite é propícia ao acto criador e ao suicídio. Está provado”. Se nesse momento não o sabia, muito menos o sei agora, mas parece-me que estes pólos opostos a que me referia, o acto criador e o suicídio, são ambos frutos de uma elaboração intelectual, de prazer ou de desespero, de descoberta ou de depressão, de perplexidade ou de sofrimento.
Pensar, tal como acreditar, “é um acto de coragem” e só assim se chega a algum lado que é, tantas vezes, lado nenhum, um beco, uma praça ou um pequeno quarto, com pequenas caixas debaixo da cama.
Pensar é a única forma de crescermos e de descobrirmos quem somos, mesmo correndo o risco de que essa descoberta se revele pouco lisonjeadora. É um facto de que geralmente temos de nós próprios uma imagem quase imaculada, porque pensamos ter sempre razão e nos desculpamo com uma facilidade incrível, enquanto os outros ou não têm mesmo razão ou não deveriam ser tão severos para connosco.
Mas que fazer quando descobrimos que a auto-comiseração e a exacerbada auto-imagem tomaram na nossa vida uma parte maior do que alguma vez julgaríamos?
Negamo-lo? Claro que não! Há caminhos que só têm um sentido e o caminho da descoberta é implacável. Pensar é arriscado, mas não pensar é mais arriscado ainda!

(era para ter falado apenas do “Outono”, mas as palavras são como as cerejas!...)

17 agosto 2009

Rasto

crossing alcantara

A maior prova de que percebemos o quão pouco somos e de quão curta é a nossa vida, está nesta ansiedade de exteriorizar a nossa própria essência, seja através da reprodução da espécie, seja através da produção de obra intelectual que, acreditamos, temporalmente permanecerá muito para além de nós próprios. Ambas surgem instintivamente, correspondendo a uma compulsividade existencial que, quando não se realiza, se sublima através de processos que acarretam consigo grandes doses de angústia e frustração.

Nós somos apenas o rasto que pela vida vamos deixando.

14 agosto 2009

escadote
Exposição "10 Pinturas e 1 Radiografia" - Museu de História Natural - Lisboa (2004)

Sem esforço, sonho e dedicação não conseguimos avançar,
mas só garantimos o Futuro, se tivermos construído algum Passado.

12 agosto 2009

out

Reaprendo os dias com grande felicidade e estou seriamente a pensar em retirar dos baús as páginas que queriam ser pequenas peças de teatro, as melodias que desejavam ser belas canções, os apontamentos destinados a pequenos vídeos ou instalações ou tantas outras "divagações artísticas" com que ando sempre a tropeçar.
Apesar disso, tentarei focalizar-me mais nas Artes Plásticas (embora a Escrita seja, por excelência, o meu estruturante e incontestável aliado)

Terminarei na próxima quinta-feira um (curto, mas bem interessante) Workshop de "Peças Curtas para Teatro", com o encenador, intérprete, cenógrafo e dramaturgo André Murraças

Quanto à nova série/tema de Pintura, espero começar o trabalho de atelier (custa-me escrever ateliê) na segunda quinzena de Agosto.

Não, claro, que não penso em desistir!

0011
Do Diário dos Organismos, 1996

10 agosto 2009

follow your dreams

is this the real life, is this just fantasy?



Sou um,
sou um milhão.
Sou o mesmo
ou talvez não,
talvez não.

Soltei tantas palavras,
já nem sei nem por onde.
Talvez no jardim,
ao vento
ou debaixo do colchão.
Sou o mesmo
ou talvez não,
talvez não.

Descobri que podia inventar paisagens,
melodias e tantas coisas mais
e que também me podiam magoar o coração
Sou o mesmo
ou talvez não,
talvez não.

Magníficos continuam os meus sonhos
e não os dispenso por nenhuma razão.
Haverá quem possa achar estranho
mas eu quero ser o mesmo
ou talvez não,
talvez não.

03 agosto 2009

09.07.29 Tempestades*

self-portrait
Road Motel Room - Ontario, Canadá (Setembro 2006)


29 de Julho 2009
0:51
Procuro razões dentro de mim. Procuro tudo dentro de mim.

11:41
Sempre fui um ser atormentado. Utilizo o vocábulo no seu sentido mais lato, no seu sentido romântico, no meu próprio sentido.
Os meus quase quarenta e seis anos permitem abençoadamente que me aperceba um pouco da minha natureza e, assumindo-a, possa assim com ela conviver da melhor maneira possível.

14:40
De uma certa forma, a vida nunca me foi fácil, porque a vida, quando é vida, não é fácil.
Desde que às palavras comecei a conseguir dar algum sentido, que iniciei uma espécie de mapeamento da minha própria existência, estruturando-a fora de mim, como se de uma teia se tratasse.
Hoje, ao ler algumas das centenas de páginas que escrevi (em conjunto com o que desenhei e pintei), chego a duvidar de que o tempo se mova à mesma velocidade de outrora, pois a voracidade dos minutos de agora em nada se assemelha à complacência dos segundos de quando eu tinha vinte anos.

*excerto do diário "Tempestades" (projecto 2009)